sábado, 24 de maio de 2008

Não, não está um bom dia para eu viver. Sou ridiculamente preconceituosa, odeio moscas e pessoas a assoarem-se. Solto o cabelo e sinto-o esvoaçar, desta vez sou superior a tudo. Até a esse rude pedido de casamento, carregado de erros mundanos. E eu a sonhar, e eu a sobreviver, e eu a tentar sorrir sem chorar. Não, não sou a única a calcar esse chão. E quais são as vantagens? Sim, é mais um espirro e depois o amarelo e o vermelho é que me ficam bem.

sábado, 17 de maio de 2008

Tal como tudo tem um início, tudo tem irremediavelmente um fim.
As palavras acabam por se desgastar, perdem-se num suspiro, diluem-se em cloreto de sódio com água (porque é tao rebaixante dizer lágrimas), acabam por se resumir a memórias e morrem no palato.
A felicidade é efémera, é sempre efémera. Rapidamente se acaba o que é dulce e ninguém quer ter consciência disso, ninguém quer ser realista, ninguém se quer libertar de utopias elaboradas à toa.
Todos se regem por princípios previamente formulados e nao há nada a fazer quanto a isso. Estamos presos a principios previamente formulados, ilusões sentimentalistas e falsos sorrisos. No entanto, ninguém quer saber. Deixamos que nos comam e nos cuspam no mesmo instante levando a polpa do melhor que julgamos ter.
Fim, e custa tanto dizer fim. Neste momento a palavra sai meia balbuciada, mas toda a gente sabe que com o tic tac de um relógio que aparentemente nao existe, a palavra começa a ser realmente pronunciada. Porque as palavras balbuciadas enchem-te durante algum tempo mas depois apercebes-te que só te enchem realmente de vazio.
Fim, e custa tanto dizer fim. Três letras que parecem comer-te a alma (ou o que quer que seja), te apertam, machucam, consomem. Porque há quem consiga pegar numa borracha e limpar todos os recantos e há quem so o consiga fazer mais tarde. Mais tarde, quando já se consegue ouvir aquela musica e ver o tal filme, quando os olhos ja nao se fecham com as fotografias, quando dizer o teu nome já nao magoa, quando já há força suficiente para aguentar com o vendaval sem dar indícios de fraqueza.
Porque nada é eterno, tudo se consome. Porque o que é dulce acaba sempre. Porque o fim é irremediável, e do que é irremediável, bem, do que é irremediável nao se pode ter receio.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Eu preciso de um café e de um cigarro. Que me olhes olhos nos olhos como fazem os anjos. Que perguntes se mudei de nome. Que me digas que precisas muito de mim, apenas porque te faço falta. Eu vou vestir-me como as mulheres bonitas, deixar crescer o meu cabelo e a barba. Vou partir quartos de hotel e gritar revoltado com o mundo. Vais segredar-me palavras bonitas ao ouvido, e eu vou dizer-te com ar malvado que sou uma estrela e que este mundo gosta da minha malvadez. Toda a gente vai querer tocar-me, querida. Mas eu só quero que me olhes angelicamente e perdidamente. Toda a gente gosta, mas ninguém sabe o que é o amor.